Manchas escuras em Ponta Negra foram causadas por 'florações'; entenda
21/11/2025
(Foto: Reprodução) Mancha escura no mar de Ponta Negra foi provocada por algas
A mancha escura que apareceu na praia de Ponta Negra, em Natal, nesta quinta-feira (20) foi provocado por uma floração de cianobactérias do gênero trichodesmium, segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
"É um fenômeno natural. As florações são fenômenos naturais e acontecem, tem registro já de outros eventos como esse em anos anteriores", explicou a pesquisadora Renata Panosso, professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN.
📳 Clique aqui para seguir o canal do g1 RN no WhatsApp
Manchas semelhantes foram encontradas em praias da Região Metropolitana de Natal, além de em outros pontos da capital potiguar.
Os pesquisadores da UFRN colheram o material na Via Costeira, onde tinham algumas manchas, e realizaram análises em microscópios para identificar do que se tratava.
"É parecida com bactéria, mas tem características de microalgas também. Então são pequenos organismos microscópicos que nós só conseguimos observar as células no microscópio. Porém, quando ela se multiplica com muita velocidade, com uma velocidade muito elevada, ela se acumula na água. É o que a gente está havendo agora", explicou a pesquisadora Renata Panosso.
Mancha escura apareceu na praia de Ponta Negra e em outras praias do litoral do RN
Reprodução/Inter TV Cabugi
"Essa coloração, inclusive, algumas pessoas chamam água de tabaco, que parecem pequenos fragmentos na água. O que são esses fragmentos: o aglomerado de muitas células que estão ali juntas. Como elas estão ali muito numerosas, nós conseguimos ali enxergar essa massa na superfície da água", completou.
A pesquisadora alertou ainda que é importante manter o monitoramento da situação e do aparecimento dessas cianobactérias.
"Nós temos que tomar cuidado porque com o aquecimento global, o aumento da temperatura da água, o aumento da poluição e outros fatores nós podemos ter um aumento da ocorrência das florações. Elas podem se tornar mais frequentes, mais intensas, ocupando extensões maiores", explicou.
"Essa é nossa preocupação. É necessário que tenha o monitoramento, que a gente faça o monitoramento para ter registro e entender se esse fenômeno está se intensificando ou não, se é passageiro, quanto tempo vai demorar. São perguntas ainda a serem respondidas".
Cuidados ao tomar
Segundo a pesquisadora, essas cianobactérias podem provocar alguns sintomas leves, como coceira, por exemplo. Por isso, os pontos do mar que apresentem essa mancha devem ser evitados, de preferência.
"Ela pode provocar coceira, irritação na pele, irritação nos olhos dos banhistas, especialmente na exposição prolongada, quando a pessoa fica muito tempo exposta, mergulhando, nadando, nessa massa de cianobactérias", explicou.
Renata Panosso explicou que a ciência aponta que essa cianobactéria é "potencialmente tóxica", mas que não se pode afirmar que as que estão aparecendo em Natal sejam, de fato, tóxicas.
"Nós não sabemos, precisamos fazer outras análises. Porém, nós sabemos que elas são potencialmente tóxicas. Então existem alguns registros, relatos de pessoas que nadam nesse tipo de floração, que essas pessoas tem dor de cabeça, sintomas de enjoo, muita irritação nos olhos, na pele, que pode ser um reflexo da presença de toxina", explicou.
"É bom evitar onde tem as manchas. Esses registros relatam pessoas que passam mal, são episódios que não são duradouros, não existem sequelas em relação a isso. É bom evitar porque não sabemos se é de fato tóxica ou não", completou.
Vídeos mais assistidos do g1 RN
